quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Desejo um corpo que satisfaça minha alma...
Que me cause euforia,
Que seja mais que um uma sombra ao meu lado,
Que faça meus olhos brilharem,
Minhas mãos tremerem,
Meu corpo esperar...
E agora,
De que me adianta tanto querer, tanto pensar...
Volto sempre pra cá,
Volto sempre a entoar a poesia como forma de aliviar,
Viver em verbos,
Sonhar em rimas...
E onde fica a vida?
Ah... Não me lembro mais.
Incrivelmente a cada segundo que passa, minha bolha continua a ser o lugar mais agradável do mundo, e a única coisa que colabora exclusivamente para com isso, é o meu desprezo por tudo o que gira em torno dessa coisa abominante chamada sociedade...
Saturado, acho que é a palavra ideal pra expressar como me sinto diante da ignorância coletiva que se mostra cada vez massante e opressora. Oh ! Velhos tempos da ingenuidade pura e natural, saudades dessa vida que não me pertenceu, desses dias que não foram meu, e dos amores que não conheci, por simplesmente ter sido jogado como uma lata qualquer de um produto vencido, nessa grande lixeira denominada Sec. XXI...
Maldizem os homens daqueles que tentam fugir desse mundo, se entregando a loucura dos atos, e a liberdade verbal e espiritual ! Vivo com os pés, um em cada mundo, alguns dedos ainda tocam essa imundice terrestre, já o outro pé... caminha veloz por terras desconhecidas, e hábita onde o inabitável se faz presente.
Porcaria de sentimento humanitário, há ! Que se explodam em mil pedaços cada partícula de merda conhecida como átomo que constitui tudo isso , e graças a qualquer coisa, explodiria eu com o resto.

Vitor Isidoro about, " Um quarto escuro"

domingo, 23 de dezembro de 2007

Como um estilhaçar de vidros, a vida segue deixando seus cacos e consequências destes...
Como que pisando sobre pequenos resquícios do que outrora algo brilhante e estupendo havia sido; seguimos massacrando nossas memórias com os pés, molhando e lubrificando os com o sal de nossas lágrimas, e sempre a questionar... "Oh ! Porque tão magnífico vitral, que outrora tinha como fruto de tua beleza meus sorrisos, hoje rasga a pele de meus pés, e a cada novo passo, se entorpece com meu sangue?"
Eis que mesmo que achando melhor parar, não caminhar, já é demasiado tarde, e pela corrente sanguínea se alastram e tomam conta de todo corpo...
Lembro me, que quando observava o lindo e imponente pôr-do-sol por detrás das cores exuberantes, sentia receio por sua beleza, mas ainda assim queria tocá-lo, almejava trazê-lo até o alcance de minhas mãos, sonhava e me deleitava em pranto quando pensava em hipoteses de não sucesso nos meus desejos.
Bem, o tempo passou, e vidrado, iludido, persuadido por aquelas imagens "no sense" que brotavam em meio a tantos reflexos, senti que não queria mais e apenas observá-lo e que não queria ali continuar apenas a pensar no passar, e quando o tempo passar, porque depois não poderei voltar, ainda assim porque, nem sequer fui. Logo em seguida a compulsividade clara e explícita no meu olhar, o vitral já não mais me sustentava com seu brilho, eu queria mais, queria explorá-lo, queria seduzi-lo, queria persuadi-lo, destruí-lo...
Passava já, com pressa e fúria diante do seu olhar.. Oh! Como me fitava do seu alto posto naquela casa velha e abandonada, como tentava flertar com minha pessoa e fazer me vítima de teus traiçoeiros encantos, queria assim dali apenas, do alcance e da tua visão apenas sumir...
Aproveitei me de um momento de fraqueza, as luzes estavam fracas, as nuvens choravam e gritavam aos prantos, a lua, havia desposado com outro sonhador, e cá fiquei diante da escuridão, diante dele, impostor... Maldigo os homens que choraram de saudade, por carência ou condolência !! Mostro-me imponente, cheio de fúria e rancor... E eis que em minhas mãos, tenho comigo a pedra, a qual findará toda dor, arruinará qualquer vestígio de beleza que talvez ainda exista naquela torre que nunca desejou meus braços, nunca seduziu-se por meus olhares afetivos, e agora, dispo-me de toda amargura, visto o manto da indignidade, mostro quem sou, mostro quem fui, e deixo bem claro o que desejo ser, fruto apenas de uma lembrança desagradável.. Oh ! Incontestável era meus sentimentos naquelas noites que velei chorando, lembrando...
Atiro-te ó pedra, em direção ao que outrora meus olhos amavam, entretanto agora, os mesmo olhos desprezam... Ó entorpecente sensação, minha cabeça gira enquanto perco o senso de realidade, nem ao menos sei se o tive um dia, mas agora apenas sinto que meus pés não tocam o chão, meus braços, pesados como chumbo parecem se desprender do meu tronco em direção ao mais fundo adormecer... Tudo se apaga, o silêncio agora grita, como sendo este o único personagem ocular, a noite se apaga, a solidão me abraça, e se despede daquele que sempre a amou... Matei sim !! Mataria novamente, mataria outras vezes mais, mas aguentar não iria, ter-lhe ali, me olhando, apenas me fitando sem poder lhe ter, e nem ao menos lhe dizer...
"Ó como lhe amei"...
Meu amor habitava aquele lindo espelho com adornos cristalinos no alto de meu quarto, quantas foram as noites embriagado pelo tedio que me consumia sem que eu o visse, quantas foram as noites velando em lágrimas aquela imagem que não se movia, que não se comovia com meus sentimentos. Amei tanto a eu mesmo, que me esqueci, que por mais que eu ame a eu mesmo, eu mesmo jamais me amaria de verdade... E como aquele reflexo que agora jaz em cacos por entre meu corpo, por entre meu sangue, não se passava de uma linda ilusão...
Digo novamente, amei sem limites, levantei e coroei o Egocêntrismo, dei vivas ao Isolamento, festejei com meu amado Solipsismo...
E todos me abandonaram, morro sozinho, por ter vivido tão mal acompanhado... Destruí meu reflexo, meu único 'eu' que ainda subexistia...
Julguei um dia ter amado o que a mim se mostrou belo, e tentador, incondicionalmente me entreguei a algo que não passava de futuros sonhos pseudo concretos, logo, me vi destruído pelas encantadoras mãos da realidade...
Resolvi agora me abandonar em ilusões... Óh ! Já vistes que linda pessoa habita o reflexo destas águas tão cristalinas !? Ah ! Como me sinto bem novamente por beber desta fonte que me renova, e me mostra apenas algo...
O quão fácil é enamorar-se de ilusões...

Vitor Isidoro... "Trechos"

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Poderia eu pedir a este vento?
Que me traga um novo evento...
Quero uma máquina do tempo...
apenas algo queria tentar,
pra um lugar apenas voltar...
Pensar, pensar...Pensar !
voltando, rodando, lembrando...
Sonhando com a última noite que sonhei,
Lembrando como ali chorei,
Sem querer me lembrei,
O porque não mais queria sonhar,
O porque nada mais queria amar...
Meu pedido era apenas mais uma noite poder sonhar
ao invés de chorar...
E no vazio de um breu eterno penetrar...
Dito, feito, pronto...
Sonhei...Que um dia sonhei que nada mais sonharia
Que apenas acordaria,
e tudo logo amaria,
Sonhei tanto...Que me perdi no entanto,
Logo agora em pranto,
Sofro tanto,
Pois sei como e o quanto,
é ruim não acordar...
não rimar...

Vitor Isidoro "avulsos"
Meu maior inimigo está na espreita,
espera para dar o bote, sua rasteira final,
corro por entre as horas, corro por toda medida de tempo,
corro e apenas corro ! Oh ! Socorro... Socorro ! Só corro...
Pernas bambas, direções limitadas, sempre em círculo,
a girar, a rodar a bailar...
Corram ó freneticas pernas, corram ó serelepes pés...
Corra, antes que tu morra,
também como um João Ninguém da Silva...
Nas mãos, no pulso,
Do Sr. Tempo,
em seu templo,
corra sempre do seus ponteiros...
apenas corra meu jovem...
o resto não vos pertence.

Vitor Isidoro, "avulsos"