quarta-feira, 28 de julho de 2010

Criança com uma Granada de Mão de Brinquedo; Diane Arbus; 1962.


O medo de errar as falas, de entrar em cena no momento errado,
de dizer aquilo que vai além do pré.meditado,
isso torna a existência repetitiva, assustadora e preocupante...
Até onde deveria o ser humano entregar-se de tal forma ao comodismo e ao programado?
Linda seria a vida sem tantos fantoches a caminhar teoricamente por sí só nas ruas.

comentário feito a respeito dos escritos de Izabel Garcia (www.mordendoacarnedamao.blogspot.com)

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Homem Acendendo Cigarro de Garota, de Irving Penn, 1949.


Olhar no espelho e não se encontrar, indício de que algo caminha de forma descompassada.
Mais um dia sem ver a luz do sol, difícil entender como não prezamos nossa liberdade.
No caminho de volta pra casa, agucei meu olhar pra tudo aquilo que me cercava,
pra tudo aquilo que por mim passava e era passado. Por um instante tanta informação sendo
adicionada, tanto sentimento sendo processado e observado, penso cá comigo, será que
tanta vida ao menos sabe que não existe na discrição? Os olhos falam de forma mais sensata
e descrevem melhor que palavras todas as angústias e felicidades que nos corpos estranhos
residem. Tamanha é também a imbecilidade que faz parte do plano de fundo dessa minha
aquarela, que de colorida só possui o nome, tons grafites e foscos ganham destaque, não porque eu queira, mas simplesmente porque foi assim e seria eu capaz de mudar? Talvez.
A idéia não é reclamar, gritar... Apenas observar e retratar. Continuei assim, segui viagem com
os sentidos aguçados enquanto a fumaça era emanada dos póros daquelas janelas que ninguém se preocupava em notar, despercebidas as pessoas sentem-se à vontade, o problema é conceituar despercebidas, nenhuma existência é rélis o bastante para não ser notada, mesmo que com um tom pejorativo, em alguma memória tua imagem há de ser mencionada.
Diziam que no futuro todos teriam os tão sonhados "15 minutos de fama", definir fama, eis a questão, palhaços que possuem platéias, platéias que ovacionam a cada 15 minutos um novo grande astro no palco da vida. Peculiar como as pessoas se portam diante à outra existência, algo tão indiferente, afinal, parece cada um julgar como único ser existente sí próprio e nada mais, o resto são apenas contra regras e figurantes de seu grande show de estréia, todos se preparam ao longo dos dias no anseio por seus minutos sonhados e almejados, dia após dia, se enfeitam, se agracejam com presentes para o grande dia.

O dia chegou, parabéns estes são seus 15 minutos de fama, linda a tua expressão
de contemplação, de realização, lindo o teu velório, lindo teu sorriso através do vidro de teu caixão.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Édipo e a Esfinge


Venha visitante que em minha sala tu podes entrar.
Deixe de estar ofegante que em meus aposentos podes descansar.
Sente-se e comece a falar, com tamanha ansiedade, meus ouvidos me fazem calar,
Vejo que possui um ar de glória, sujeito acostumado com a vitória...
Digo lhe então que a partir de agora, nada mais lhe pertence, senão,
As lembranças embaralhadas do que vivestes ou não.
Saiba que de seus grandes feitos, nada sobrará
E que de ti, ninguém se lembrará.
Da imponência à indingência, eis o caminho novo a traçar.
E digo mais, digo sem nada dizer, sem uma palavra fazer soar,
Tu não me ouves mas estou a te observar...
Da Etiópia à Tebas caminhei e sobre um mar de sangue naveguei,
Por um momento pensei "Aqui me findarei".
Ainda havia muito o que fazer e naquelas terras não haveria de perecer.
Escute o canto que lhe faz adormecer... Me responda agora ou haverá motivos para temer.

Num esvoaçar de asas, se fez presente e o sujeito sentado inocente
com uma mordida, desapareceu sorridente.

Bons tempos em que existiam esfinges e enigmas,
A resposta, a sabedoria, a inteligência em troca da vida.
Hoje em dia não há nada para ser trocado.
Pobre coitado,
daquele que pela vida é devorado.