terça-feira, 27 de julho de 2010

Édipo e a Esfinge


Venha visitante que em minha sala tu podes entrar.
Deixe de estar ofegante que em meus aposentos podes descansar.
Sente-se e comece a falar, com tamanha ansiedade, meus ouvidos me fazem calar,
Vejo que possui um ar de glória, sujeito acostumado com a vitória...
Digo lhe então que a partir de agora, nada mais lhe pertence, senão,
As lembranças embaralhadas do que vivestes ou não.
Saiba que de seus grandes feitos, nada sobrará
E que de ti, ninguém se lembrará.
Da imponência à indingência, eis o caminho novo a traçar.
E digo mais, digo sem nada dizer, sem uma palavra fazer soar,
Tu não me ouves mas estou a te observar...
Da Etiópia à Tebas caminhei e sobre um mar de sangue naveguei,
Por um momento pensei "Aqui me findarei".
Ainda havia muito o que fazer e naquelas terras não haveria de perecer.
Escute o canto que lhe faz adormecer... Me responda agora ou haverá motivos para temer.

Num esvoaçar de asas, se fez presente e o sujeito sentado inocente
com uma mordida, desapareceu sorridente.

Bons tempos em que existiam esfinges e enigmas,
A resposta, a sabedoria, a inteligência em troca da vida.
Hoje em dia não há nada para ser trocado.
Pobre coitado,
daquele que pela vida é devorado.



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